Hoje doeu...

Hoje doeu... Costuma ser uma dor camuflada pela vontade e pelo desejo mas hoje doeu mesmo. E dei-me conta que estou longe, cada vez mais longe da minha própria vontade e do meu próprio desejo. Será que não vêem? Ou será que não querem ver? Sou indiferente à indiferença porque a ela me habituei mas qualquer palavra que fosse, ainda que para me relembrar que isso vai perturbar terceiros, dar-me-ia a noção de que está à alerta. Já tinha ouvido coisas semelhantes antes; coisas que não neguei e fingi ignorar porque me quis afirmar. Não resultou. Foi em vão...

Gostava de ter respondido que sim àquela pergunta mas não pude. Não tinha como ocupar o espaço que não é ocupado por ninguém. Será que compreendia? Ou nem sequer ligava?

Apetece-me ser invejoso do que não tenho, bater nas paredes e culpá-los por isso mesmo. Doeu e dói cada vez mais. Longe da vista, longe do coração. Queria ser cego até me deixarem poder voltar a ver...